Janeiro – O ano não começou bem. Na primeira semana, senti uma dor forte na coxa direita, que interrompeu um treino na Beira Mar. Voltei mancando até a tenda FR e comuniquei ao Fabiano que estava fora dos treinos até consultar com o especialista de Medicina Esportiva. Realizada ultrassonografia, que constatou estiramento muscular de grau 2 (moderado), o Dr. Lourenço, da Cardiosport, indicou tratamento com fisioterapia, parada completa dos treinos por no mínimo 45 dias, e ausência de competições por 3 meses.
Fevereiro – Após 15 sessões de fisioterapia e muita aplicação de gelo, uma nova ultrassonografia constatou cicatrização completa da lesão. Dr. Lourenço libera para início de março retorno aos treinos, porém proíbe minha participação em qualquer prova em março, e veta inclusive o MD Santinho, no começo de abril. Como já estava inscrito para a Volta à Ilha, converso com ele que concorda haver a possibilidade de realizar a prova, contanto que não ocorram novos problemas durante os treinos. Falo com o Fabiano, a respeito da situação, deixando-o à vontade para me “cortar” da equipe da Volta, caso ele considere necessário, a fim de não prejudicar o desempenho da equipe, mas o mestre opta por me manter, confiando que eu consiga cumprir, no mínimo, um dos trechos previstos para mim (o gladiador indestrutível, Claudio acabaria correndo o outro trecho, em meu lugar, como aperitivo antes do “Morro Maldito”).
Março – Retorno gradual aos treinos, por orientação do médico, não posso fazer mais do que 20 a 30 minutos de corrida, e nenhum outro ritmo que não seja trote leve. Hora de testar minha paciência e perseverança. Só quem já se arrastou em uma recuperação de lesão sabe a dificuldade de seguir à risca uma orientação específica como essa, mas havia um bom motivo ali no horizonte, a menos de 30 dias de distância.
Abril – Compareço na concentração do MD Santinho, estava louco para participar, mas sabia que era impossível. Desejo sorte a todos, e fico muito feliz, pois foi a prova onde o maior número de equipes nossas foi premiado! Na semana seguinte, a grande prova do ano (até então), a Volta à Ilha! Na prática, funciona como um “batismo”. Aprendemos a conhecer e admirar nossos parceiros da equipe e nosso treinador. Elisa dá um show à parte, organizando e motivando todos! As meninas (Kelly, Katiane, Edilse, Lu Waltrick, Lu Morales e Nicole) e os rapazes (Renato, Edilson, Vitor, Jorge e Claudio) dão espetáculo no asfalto, na areia, nos morros e trilhas da prova! Largamos às 7:00, sabíamos que o dia não seria nada fácil. Precisaríamos fazer pace de “gente grande” para não pegar postos de troca fechados pelo caminho. Vamos (Eu e Vitor) para o Ribeirão, no carro com o Fabiano. Aguardamos, no campo de futebol pela chegada do Claudio, diretamente do Morro Maldito. Chove! A noite cai! Claudio chega às 18:24, faltando 6 minutos para fechar o posto de troca. Vitor parte pela estrada da Tapera, enfrentando a escuridão da Base Aérea. Vamos de carro por dentro da Base, chegamos próximos do portão, porém ainda falta 1km até o posto de troca e o trânsito está parado, devido ao movimento de saída do aeroporto. Relógio marcando 19:00hs. Converso com Fabiano e Claudio e decido ir a pé até o posto de troca (decisão acertada!), 1km de “aquecimento”. Vitor chega às 19:08hs, faltando 7 minutos para encerrar o posto de troca. Inicio o trecho 18, são 7,4km até o terminal desativado no Saco dos Limões (um campinho que tem ali perto, na verdade). Começo tranquilo, mas acelero excessivamente e, depois do km 4,5, começo a sentir dor e alteração respiratória. Perda de ritmo, sensação de estar afundando o trabalho iniciado 12 horas e meia atrás. Onze pessoas estavam ali, correndo pelas minhas pernas, não podia deixar de lutar! Foi quando surgiu a ajuda, o cara que não vou esquecer mais, o Alex! Ele havia partido do meu ponto de chegada, para me “buscar” (ofereceu-se para a missão, pois o Fabiano já estava pronto para acompanhar a Nicole no último trecho da prova). O Alex me salvou e salvou nossa prova tb! Motivou (“está na hora de colocar o coração”), estabeleceu objetivos (“vamos ultrapassar aquela mulher ali, ó!”) e deu toda a força necessária para que eu pudesse chegar (“vamos lá, está indo bem!”). Quando chegamos na passarela e enxerguei a Nicole com o Fabiano, eu soube que, se não fosse o Alex, não teria conseguido chegar até eles a tempo, e nossa prova poderia ter sido desperdiçada! Na chegada, no trapiche, passamos a cronometragem às 20:29hs, UM MINUTO antes do encerramento oficial da prova. A Vanessa gravou um vídeo que mostra o locutor dizendo isso! É inacreditável: se apenas um de nós, em um trecho, tivesse demorado um mísero minuto a mais, não teríamos conseguido chegar! Essa prova foi o divisor de águas! Parei de implicar com a cor da camisa e disse para o Fabiano que nunca mais ia deixar de vesti-la em competições! Tornei-me um dos maiores incentivadores dos colegas da equipe, mesmo que eu não esteja diretamente relacionado à prova em questão, pois passei a sentir um apreço pela Floripa Runners e, principalmente, pelo treinador, que nos proporciona tantos momentos memoráveis!
Abril tb foi o mês em que a Vanessa correu comigo uma prova inteira pela primeira vez, a Track & Field Run Series do Iguatemi. Ela ainda não fazia parte da equipe oficialmente, mas já vibrava muito com o desempenho de todos! Fizemos 5k em 47 minutos, sem parar para caminhar. Foi um parâmetro para as provas que viriam a seguir.
Maio – Corremos a Corrida da Pedra Branca, junto com o Jorge, o Guilherme, a Gabriela e a Luísa (que ganhou premiação na categoria). A Vanessa fez 3km, e eu fiz 6km, debaixo de uma chuva torrencial, bem na hora da largada. Ali começamos a perceber que nem sempre tudo seria tão simples quanto imaginávamos, e que o clima pode complicar, às vezes!
Junho – Foi o momento de colocar o pé na estrada, e correr na Maratona de Porto Alegre. Fiz a rústica de 8km, e pude desejar sorte para o Claudio, o Edilson e o Eduardo Reis (estreante nos 42k naquela ocasião). Todos foram muito bem, e ainda pude ajudar o mestre Fabiano a encontrá-los próximo ao KM 32, pois a Elisa achava complicado dirigir no trânsito de Porto Alegre, com tantas interrupções (e estava mesmo). Um dia eu faço os 42k lá!
Julho – Intensificamos os treinos, com vistas a um novo desafio. Participei de treinos de reconhecimento (duas vezes) na praia do Rosa, terreno complicado, mas paisagens belíssimas, recompensadoras. Vanessa tb se colocou nessa empreitada, disposta a fazer a prova, mesmo sabendo que precisaria correr “sozinha” (as largadas dos 4k e dos 9k não seriam no mesmo horário). Foi uma experiência muito boa, ficamos juntos na Pousada e estreitamos laços, especialmente com Fabiano e Elisa, Vinicius e Claudia, e Chris e Milene.
Agosto – Corremos o Mountain Do da Praia do Rosa. Final de semana super especial com nossos queridos amigos da equipe, em uma pousada aconchegante e com uma prova diferenciada. Foi a maior distância que eu havia percorrido até então (9,6km), e em terreno bastante desafiador. Descobri meu batimento cardíaco máximo “sem desmaiar” (193bpm) e comecei uma boa parceria com o Vinicius, que correu a prova inteira comigo, motivando e mantendo sempre uma atitude positiva. A Vanessa correu a prova de 4km, junto com a Claudia, e elas foram muito bem, tb! Foi em agosto, também, que começamos o acompanhamento de Nutrição, com o Guilherme, que vem trazendo excelentes resultados!
Setembro – Novamente corremos a Track & Field do Iguatemi, porém dessa vez o tempo foi outro, 42 minutos nos 5km. Nessa prova já contamos com a presença de um número maior de amigos da Floripa Runners “competindo”. Lembro que foi a primeira prova com participação do Beto e da Carina, casal muito parceiro que passou a ser companhia constante nos treinos, nas provas e nas confraternizações. No final do mês, veio a maratona de Santa Catarina. Outra prova que nos uniu muito à equipe, pois fizemos o percurso de 5km e, antes das 09:30hs estávamos “prontos para ir embora”. Porém, não fomos! Bem pelo contrário, ficamos lá, até quase o meio-dia, apoiando, ajudando e acompanhando as chegadas de vários amigos. Chegamos dos 5k, bebemos água, cumprimentamos o Fabiano e aguardamos nossos amigos que estavam nos 10k chegarem. Quando o Vini chegou e, imediatamente, deu meia-volta para “buscar” a Dinha, eu só olhei para a Vanessa e disse “estou com vontade de ir lá, com ele!”, e ela respondeu “então vai, ué!”. Dito e feito, dei um pique e alcancei ele na curva da chegada, corremos juntos mais um pouco e encontramos ela logo na saída do túnel. Acho que ela estava gripada e não tinha conseguido treinar bem na semana, por isso nos disse que o apoio foi muito bom para ela chegar bem ao final! Depois gostei muito de ver a chegada do Mario (primeira maratona) e da Kelly, que vários amigos foram receber carinhosamente (Claudio e Jorge a acompanharam fazendo pace nos últimos 12k). E fiquei muito feliz quando vi que ela havia atingido seu objetivo, de baixar o tempo do ano anterior (tem até uma foto no meu álbum que registra esse meu momento de felicidade!).
Outubro – Bem, digamos que esse foi O MÊS, desde que entrei na equipe FR! Primeiro porque teve o desafio de 110k do Claudio. Esse foi meio engraçado, no começo, pq o Fabiano queria dizer que seria de 11 para 12 de outubro, e publicava no grupo a data 11/12. Fiquei triste, frustrado quando li (pensei que não poderia ir, pois seria meio da semana). Quando o Claudio me falou que seria 11/10, imediatamente me apresentei como voluntário para apoia-los, como médico da equipe. Conversamos rapidamente no final de semana anterior, vimos as prioridades (proteção aos pés e hidratação na medida certa, sem exageros) e ficou acertada minha participação. No dia da saída, a expectativa: chuva forte no final da manhã, horário de saída adiado para 21hs. Iniciado o trajeto, eu e Vini na van, junto com a esposa do Claudio (Suzana), que ainda estava um pouco tensa. Jorge Dutra o acompanhou nos primeiros KMs e conseguiu manter um ritmo excelente, sem “atrasar” o Claudio, que quis sair “forte”, enquanto ainda fosse possível. Depois, no pedágio, uniu-se a nós a querida Dinha, que veio direto de um compromisso profissional importante. Vini desceu da van para levar o carro do Sérgio, visto que este acompanharia o Claudio pelos próximos 26 kms!!! Pegamos engarrafamento no Morro dos Cavalos, devido a um acidente, e a chuva não dava trégua. Não conseguíamos imaginar como a força dos dois corredores conseguia enfrentar e superar tamanha condição adversa! Paramos no trevo da Praia do Sonho, mas o Claudio não quis parar ali, pediu que esperássemos no posto, poucos kms adiante. Sábia decisão, pois ali uniram-se ao grupo os “casais que chegaram na hora certa”, Chris e Milene (que trouxeram uma térmica de café e muita animação para todos nós), Alex e Katiane (que ajudaram o Claudio em outro trecho muito longo e, depois, “desistiram” de ir embora, suportando o sono e ficando até o final do desafio), e Beto e Carina (ela, que nos apresentou ao secador “salvador da pátria”, ou melhor, salvador dos tênis do Claudio, e ele, que imediatamente trocou de roupa e já foi para o asfalto, acompanhar o Claudio debaixo de chuva e muito vento). Ali, na chegada do Sergio, na saída do Alex e do Beto, e com a equipe do desafio quase completa, já podíamos perceber que a experiência não era comum e não seria facilmente esquecida. Mais adiante, paramos em outro posto, perto de Paulo Lopes, onde a conversa e o café ajudaram a mandar o sono embora. O Beto finalizou sua participação na “pista”, e a Katiane completou o “casal FR”, pois o Alex desejava continuar no asfalto. Os dois acompanharam o Claudio até o Engenho Lanches, passaram pelo túnel e “fizeram amanhecer” o dia para ele. Enquanto isso, eu levei o carro deles até o Engenho, e lá esperamos abrir o estabelecimento, para comer algo e beber um pouco mais de café. Muitas conversas, muitas histórias, muita parceria se firmando, se fortalecendo, esses momentos de espera realmente se tornaram o diferencial para os “amigos malucos”, que não se intimidaram com a chuva, nem com o longo percurso. Ali no Engenho, além de já ter corrido cerca de 28km, o Alex tb realizou massagens e alongamentos nas pernas e pés do Claudio, num trabalho espetacular e crucial para a “sobrevivência” dele no desafio. Ali foi o ponto decisivo, pois parou de chover na hora certa (os pés dele não suportariam continuar na água por muito tempo). Dali, quem o acompanhou foi o Chris e, no trevo de Garopaba, uniu-se a eles o Vini. Na chegada do trio na Ferju (trevo de Imbituba), primeiro momento de especial emoção, pois os filhos do Claudio estavam aguardando, e foram recebê-lo, acompanhando os metros finais daquele trajeto. Chris e Vini “entregaram” o rapaz cansado, mas ainda inteiro e, a partir daquele ponto, a missão era do treinador, nosso mestre Fabiano. Olhei para ele e disse “eu sei pq tu quis acompanhar a partir daqui. Pq agora não é mais uma questão de pernas, agora é só cabeça!”. Ele deu aquele sorrisão que todos conhecemos e apenas fez um aceno confirmando, demonstrando estar tão focado quanto o próprio Claudio, no objetivo de chegar ao final do desafio! Depois que os dois partiram da Ferju, fomos esperá-los, seguindo orientações do Fabiano, no ponto onde restariam 8km até o final do desafio. Milene, Dinha e eu, após quase 14 horas do início do desafio, loucos de vontade de ir para o asfalto ajudar o Claudio, mas sabíamos que ele ia demorar. O tempo foi passando e a ansiedade aumentando, quando vimos os dois surgirem naquela curva, percebemos que o Claudio caminhava. Ali eu sabia que as coisas já não estavam andando tão bem assim. De qualquer maneira, não estávamos ali para fazê-lo desistir tão próximo do final. Ele parou, respirou, bebeu água, colocou gelo nas pernas e pés, e seguimos. As meninas gritaram, incentivaram, cantaram. Eu fiquei ali, controlando as passadas dele, tentando perceber o quanto os pés estavam pesando. Mas o ritmo dele era surpreendentemente bom. Tanto que, em certo momento, as meninas ficaram um pouquinho para trás, com dificuldade de acompanhá-lo! Quando chegou a última subida, o Fabiano deu seu “golpe final”: como todos nós estávamos caminhando, ele olhou para trás e disse “depois daquela curva, quero todo mundo correndo!” E corremos mesmo! O Claudio correu! No km 109 do desafio! E numa subida! Ali já comecei a me arrepiar, pois o que estava acontecendo não era mais algo exclusivamente humano, tinha muito mais coisa, muitas outras energias envolvidas! Na chegada, novamente a participação da família dele e de todos os aguerridos amigos FR que ficaram até o final do desafio! Momentos de emoção na igreja, não apenas o Claudio foi ao altar fazer seu agradecimento, as meninas tb lembraram de agradecer pela proteção. E eu tb, evidentemente, fiquei felicíssimo, pois mesmo que não fosse o Claudio, mas qualquer um de nós que tivesse algum problema sério, poderia comprometer todo o desafio. Mas fomos todos protegidos por energias superiores e chegamos ao final bem, muito bem! Na semana seguinte, passando de carro pela BR101, postei no Facebook um depoimento emocionado, dando conta de que aqueles lugares e aquela estrada nunca mais seriam vistos com os mesmos olhos por todos que participaram do desafio!
Uma semana depois desse desafio espetacular, tivemos o Mountain Do da Lagoa. Para mim, é a melhor prova do ano, pois integra a equipe de uma maneira única, desde os treinos, até os encontros e esperas nos postos de troca. Já no começo do dia a primeira amostra de que a prova é dinâmica: Achilles atrasou-se, e já mudamos os planos, com nosso carro transportando a equipe até o posto de troca no Campeche. Lá, o octeto masculino reuniu-se e iniciamos efetivamente a jornada. A Vanessa ficou com nosso Sandero “à disposição” da família FR (e mais tarde acabaríamos descobrindo como a presença dela acabou tornando-se importante). Giuliano fez seu trecho do jeito “dele”, ou seja, pé embaixo (mesmo não tendo dormido à noite, por estar saindo de plantão). Paulo Schenk fez um tempo excelente e entregou em ótimas condições para o Vini encarar as dunas e trilhas da Joaquina, trecho que ele cumpriu com força e determinação, típicas características desse guerreiro! Depois foi a vez do Leonardo cumprir seu trecho, partindo da praia Mole entregando a mim, na Barra. Nos deslocamos até o Tamar, e aguardamos. Foi o momento de maior reunião da equipe Floripa Runners na prova, pois o Fabiano esperava a troca da dupla Claudio/Kelly, as meninas do quarteto também aguardavam a troca, o pessoal dos quartetos masculino e misto estava por ali, e até as meninas do octeto começaram a chegar, ainda antes da minha largada. Parti para o trecho 5 faltando poucos minutos para o meio-dia (sorte que estava nublado, até chuviscando levemente). Percorri tranquilo a trilha no bosque do parque, controlando o pace para não faltar fôlego no final. A Katiane passou por mim e me deu um incentivo (“vamos lá, Cris!”), e eu respondi a ela que seguisse em frente, pois eu sabia que “o pace dela era outro”. No último km do trecho, já na praia do Moçambique, o mar subiu, e “jogou” os atletas para a areia fofa, complicando um pouco o ritmo naquele final do trecho. Mesmo assim, cheguei bem e com um tempo razoável, entregando para o Beto voar no longo trecho 6. A partir daí começou a minha “espera solitária”, pois quando cheguei, estavam lá meus parceiros do octeto, a Vanessa e algumas meninas do feminino, mas eles precisaram “seguir adiante”, levando atletas para outros trechos. Eu sentei lá, bebi água e contemplei a beleza da prova, a superação dos atletas, as imposições da natureza, testando os limites de cada um. Vi algumas pessoas completarem o mesmo trecho que eu tinha feito, e chegarem passando mal (algumas MUITO mal mesmo). Depois de mais alguns minutos, as meninas do quarteto feminino apareceram e esperamos a Lu Morales chegar, exausta, após aquela complicada areia fofa. Elas se foram, mas logo as meninas do octeto chegaram, e junto com elas, a minha “missão”: acompanhar a querida amiga Dinha, no trecho dela, pois era uma distância longa que ela não havia percorrido de uma só vez, até então! Partimos e, o que posso dizer desse ponto em diante, é que foi mais um daqueles momentos que não tem preço e que a gente não esquece mais. A Dinha tem fibra, tem garra, simpatia, bom humor. Quando minhas pernas já estavam falhando, parecia que as dela ainda tinham muita energia. É preciso que se diga, a menina só caminhou mesmo na duna e no morro, locais de grande inclinação do terreno. No restante, foi correndo mesmo, com coragem e força, talvez inspirada pelo restante da equipe, talvez pelo Vini que a esperava logo à frente, talvez por ela mesma, que estava superando um limite que certamente não imaginaria alguns meses antes. O fato é que eu agradeci e agradecerei sempre pela honra de correr com ela, de acompanhá-la e ajudá-la nesse desafio! Quando a Vanessa me deu carona, depois de 8,5km no trecho, e deixei a Dinha apenas com o Vini, a sensação era não de um “dever cumprido”, mas de um imenso prazer, uma alegria de ver amigos tão queridos vencendo um desafio tão complicado, mas ao mesmo tempo, com muitas lições! Fomos esperar por ela no campo de futebol e a sensação ao vê-la chegando é que realmente eu estava cruzando uma linha de chegada imaginária junto com eles! Depois fomos de volta ao LIC, comemoramos com o restante da equipe FR e, no almoço de domingo, ainda tivemos a feliz surpresa de saber que o quarteto misto formado por Alex, Kati, André e Vitor havia conquistado o terceiro lugar, subindo ao pódio. Família FR bem representada e premiada! Por todas essas inesquecíveis e inigualáveis emoções que outubro foi considerado por mim o melhor mês do ano!
Novembro – No segundo domingo do mês tivemos a Track & Field Run Series Shopping Beiramar, prova em que uma “aposta” estava em jogo: a Vanessa precisava completar os 6km “na casa” de 45 minutos, para “ganhar” uma bolsa que eu havia comprado para ela no final de semana anterior. Parti na corrida acompanhado pelo Vini, tradicional parceiro, e pelo Samir, novo amigo da equipe. Mantivemos o ritmo bom, pouco abaixo de 6’/km, durante os dois primeiros KMs, até que, ao pegar a primeira hidratação, eu avisei para eles “é hora de acelerar”. E parti, comecei a baixar o pace para 5’40”, depois para 5’20”, e mantive assim durante uns bons 2KMs. Então, o sol começou a subir, alterando a dinâmica da prova, e precisei segurar um pouco o ritmo, pois meu batimento cardíaco subiu rápido, indo acima de 190. Deixei o penúltimo KM em ritmo próximo de 5’45”, e depois, ainda consegui acelerar no final, para completar em 34’18”, cumprindo a meta estabelecida de fazer abaixo dos 35’. Então, começou a segunda parte da prova, para mim: voltar para ajudar a Vanessa. Fui encontrando o pessoal e incentivando todos (Vini, Samir, Beto, Carina, Edilse, Ana, Daniel, Maeve e muitos outros). A família FR estava em peso nessa prova. Encontrei a Vanessa quando faltavam cerca de 750m para ela chegar, e acompanhei esses metros finais, impressionado com o bom ritmo e a constância que ela vinha conseguindo manter, apesar do crescente calor. Logo depois apareceu nosso querido amigo Claudio, que devia estar voltando pela quarta ou quinta vez, visto que ajudou diversos amigos na prova. Desse trecho saíram as melhores fotos dessa corrida. A Vanessa conseguiu completar nos 45 minutos e ganhou a bolsa mas, principalmente, ganhou a certeza de que é mesmo uma corredora, pois ultrapassou várias pessoas na prova, e me contou depois, que percebia que os outros corriam sem método, exagerando o ritmo e depois precisando caminhar. Ela percebeu que está em outro patamar, com método e treinamento adequados. Depois da corrida, um almoço muito divertido no Pitangueiras, seguido de uma rodada de sorvete nos Ingleses (algumas coisas vão se tornando tradicionais).
No final de semana seguinte, tivemos a “Maratona Express”, prova de revezamento em que a equipe foi representada pelos seus atletas de “elite” (os mais rápidos e resistentes). Eu e a Vanessa, Vini e Dinha, e a Beth, ficamos na parte de apoio logístico e motivação dos atletas que competiam. Em determinado momento o sol começou a subir, a temperatura elevou-se, e a demanda por mais água tornou-se inevitável. Além disso, infelizmente, alguns atletas começaram a sentir sintomas de queda da pressão arterial. Prontamente, eu e a Dinha fomos buscar alguns produtos extra, para auxiliar a equipe durante a prova. Trouxemos algumas garrafas de água gelada e outras em temperatura normal, algumas bananas e um pacote de sal. Alguns atletas realmente precisaram daquele sal. As meninas (Vanessa, Beth e Dinha) ficaram em uma posição privilegiada, duas delas registrando os atletas em excelentes fotos, e todas gritando, motivando e incentivando muito. Todos reconheceram a importância delas, no apoio aos atletas que estavam competindo. No final, mais uma vez as equipes se superaram, os homens ficaram em sexto lugar, e as mulheres, em quarto , mas o que importa mesmo é que todos deram seu máximo e mais uma vez os laços da equipe se fortaleceram.
Dezembro – No primeiro dia do mês, fomos à cidade de Angelina, participar da Corrida Rústica Vale das Graças. Uma prova muito interessante e desafiadora, por ser realizada em terreno variado e em horário que o sol ainda estava forte, com um calor considerável. Chegamos cedo na cidade e almoçamos em equipe. Depois, tivemos tempo de conhecer a gruta com imagem de Nossa Senhora. Esta prova foi, como outras do ano, um desafio de superação, pois 10 dias antes senti dor nas duas pernas, na tíbia (canela), e precisei interromper o treino que estava realizando no Parque. Passei a semana inteira fazendo fisioterapia (valeu, Fernanda!), sem saber se poderia correr. Mas, quando o momento da largada chegou, estava bem, me sentindo confiante, e partimos. Acompanhei a Vanessa nos 3 primeiros kms, com ritmo bem tranquilo, sem correr riscos. Depois comecei a acelerar para sentir como estava. No km 4,5, o Fabiano mandou que eu segurasse um pouco o ritmo para não correr o risco de não completar a prova. Mais uma vez a sabedoria do mestre provou estar correta, pois reduzi e completei bem. No km 6,5 encontrei a Dinha, reeditando uma parceria que já está se tornando tradicional. Corremos juntos até o final, sem definir quem estava “carregando” quem (hehehe). Nessas horas a gente descobre que a corrida de rua realmente não é um esporte totalmente individual! No final, Fabiano e Vanessa estavam nos esperando e nos acompanharam até a chegada, o que foi muito emocionante para mim. Pela primeira vez a situação se inverteu e foi a minha querida Vanessa que me ajudou quando eu mais precisava. Essa parceria vale ouro! Depois da prova, a premiação. A equipe Floripa Runners conquistou diversos troféus: Daiane foi campeã geral dos 5k, Katiane foi terceiro lugar geral dos 10k, Chico foi quarto lugar geral dos 5k. Além deles, Alex, Samuel e Angelo tb subiram ao pódio, em suas categorias, nos 10k. E Fabiano ergueu o troféu de Equipe Campeã Geral da prova, por ter o maior número de participantes. Troféu muito bonito e merecido! Depois da prova ainda teve um jantar muito bom, fechando o dia com chave de ouro. Certamente esta corrida vai fazer parte do calendário fixo de provas do nosso próximo ano!
E assim, encerrou-se o ano de 2012 em provas oficiais, para mim. Agradeço a cada um dos queridos amigos da equipe que correram comigo em 2012, integrando equipes em provas oficiais ou simplesmente dividindo alguns kms comigo em treinos: Vanessa, Fabiano, Elisa, Vinicius, Claudia, Claudio, Milene, Chris, Paulo, Beto, Carina, Giuliano, Beth, Leonardo, Achilles, Katiane, Alex, Kelly, Jorge, Diemerson, Samuel, Edilson, Lu Waltrick, Lu Morales, Edilse, Nicole, Vitor, Chico, Rubia, Daiane, André, Isac, Luisa, Leandro. Vcs todos fizeram este ano de corridas ser extremamente especial e inesquecível para mim! No fim, a conclusão que chego é a seguinte: correr é desafiar os próprios limites e a “competição” é realmente contigo mesmo! Porém, a amizade que encontramos nessa equipe não tem preço, e é um bônus inesperado e belíssimo. E nisso, tiramos muitas lições, que nos ajudam até mesmo em outras áreas de nossa vida! Grande abraço e em 2013 tem muito mais! Agradecimento especial ao Fabiano, que nos proporciona esse ganho considerável de qualidade de vida, e a Vanessa, por ter aderido seriamente a uma atividade que, até então, era uma paixão apenas minha, mas que se tornou uma rotina apaixonante do casal!